Gabriel: do cidadão comum ao ambientalista
POr glauber sobral
Denúncias de que árvores do entorno da avenida Antônio Sales com a Washigton Soares estavam sendo cortadas sem autorização jurídica, em 2013, para a construção de um viaduto, foram o pontapé inicial para que Gabriel Aguiar, na época com 18 anos, começasse a se envolver diretamente com o Cocó (O Parque, o Rio e seus afins). O episódio do corte da fauna local repercutiu na cidade, ganhou forças nas redes sociais e fez com que o jovem começasse a conhecer mais de perto o movimento de luta a favor do espaço, até então não regulamentado.
Foto: Ester Coelho
“Surgiu a ideia de pernoitar naquela região para que não viessem cortar (as árvores) de madrugada e aí foram chamando as pessoas pelo Facebook. Foi aí que eu vim. Não conhecia ninguém, ninguém, ninguém. Vim sozinho e entrei nessa ocupação. Fui muito bem recebido. Foi um grande acampamento de resistência, movimentou milhares de pessoas para impedir aquela construção (viaduto do Cocó)”, conta Gabriel entusiasmado.
O ato foi um divisor de águas na construção da relação de afetividade do jovem com o Parque, localizado a três quilômetros do local onde mora com sua família, no bairro Dionísio Torres. Apesar do movimento não conseguir impedir a feitoria do equipamento pela Prefeitura de Fortaleza, ele considera que a estadia de três meses em contato com a natureza deixou ‘saldos positivos’.
Foto: Arquivo Pessoal
Para a cidade, o ‘saldo’ foi uma “grande quantidade da população sensibilizada pelas pautas de meio ambiente e mobilidade urbana.” Já para ele, a benesse foi a entrada no S.O.S Cocó. Hoje, o jovem, com 22 anos, estudante do 8º semestre - e último - de Ciências Biológicas da Universidade do Ceará (UFC), se destaca nas pautas sobre questões ambientais, chegando a se figurar entre os mais lembrados quando o assunto é meio ambiente.
O que era antes apenas um rapaz com interesse no assunto, agora, a sua proximidade com a natureza é bem diferente. Se tornou intimidade. O jovem, de semblante calmo e de discussões bem fundamentadas, mudou de status de observador e ganhou protagonismo na luta e é hoje um ambientalista da “última geração”, como ele mesmo se nomeia.
Construção do viaduto, realizada em 2013, razão que iniciou a luta de Gabriel.